DPAI/ACAP apresenta conclusões do estudo “O Aftermarket em Portugal. O presente e o futuro”
Decorreu no dia 25 de Janeiro, na Sede da ACAP, a apresentação das conclusões do estudo “O Aftermarket em Portugal: o presente e o futuro”, promovido pela Divisão do Pós-Venda Automóvel Independente da ACAP e desenvolvido por uma equipa de investigadores do ISEG – Executive Education.
 
O estudo analisa as tendências e perspectivas de futuro do aftermarket, com o intuito de apoiar a definição de estratégias pelas empresas do sector. Os resultados reflectem inquéritos realizados a empresas e a consumidores.

A caracterização da procura foi um dos aspectos mais relevantes do estudo, que demonstra como características mais valorizadas pelos clientes, no canal independente, a qualidade do serviço, o preço e a proximidade geográfica.
Contudo, é evidente a crescente importância para o consumidor do tempo gasto na reparação/manutenção e da manutenção da mobilidade enquanto está privado do seu automóvel.



Em função da idade da viatura, a percentagem do parque intervencionado pelas oficinas independentes é de 39% nas viaturas até 3 anos; 54% nas viaturas entre 3 e 8 anos e 72% nas viaturas com mais de 8 anos.

Verificou-se igualmente que, a transição entre a assistência feita na marca e a passagem para os reparadores independentes ocorre entre os 3 a 4 anos da viatura ou, em média, até aos 85.000 km.
 
O resultado das respostas aos consumidores aponta para as seguintes conclusões:
  • 6 em cada 10 pessoas escolhem as oficinas independentes para reparar/manter a sua viatura;
  • 7 em cada 10 pessoas possuidoras de uma viatura de marca generalista preferem reparar/manter a sua viatura nas oficinas independentes;
  • 5 em cada 10 pessoas possuidoras de uma viatura de marca premium preferem reparar/manter a sua viatura nas oficinas independentes;
  • 7 em cada 10 pessoas com menos de 30 anos preferem as oficinas independentes e 4 em cada 10 pessoas com mais de 50 anos preferem as oficinas independentes;
  • 8 em cada 10 pessoas têm um custo de reparação/manutenção anual inferior a 400 €.
Já no que diz respeito, à percepção dos players do sector, relativamente ao negócio onde actuam, a necessidade de investimento em novos equipamentos e o aumento das necessidades de formação e de capacitação técnica da força de trabalho, foram os elementos que reflectem uma maior atenção dos empresários nas suas respostas ao inquérito, o que demonstra que há o reconhecimento e consciência de uma necessidade de adaptação e de resposta tecnológica que corresponda às exigências do serviço a prestar ao cliente do veículo electrificado.


 
Em termos de expectativas, cerca de 50% das empresas acham que a quota de mercado do aftermarket independente IAM face à do OE vai aumentar nos próximos anos. E 80% das empresas consideram que o uso de peças novas IAM deverá aumentar ou manter-se no futuro perfil de exploração.

Em relação às peças usadas, é apenas nos reparadores independentes que a expectativa de aumento é maioritária (54% destas empresas esperam um aumento das compras/vendas de peças usadas). Com credibilização e garantias, esta percepção poderá indiciar uma maior atenção do sector ao uso de peças usadas nas suas actividades.



Quanto ao impacto da electrificação, verifica-se a percepção da necessidade de novos investimentos em equipamentos e, assim como a necessidade de formação da capacitação técnica.
  
Segundo aponta a análise aos resultados do inquérito, os factores de ameaça ao modelo de negócio do aftermarket, são o risco de uma maior concentração no sector, por fusões e aquisições, a conectividade dos veículos e risco de um número crescente de fabricantes de veículos eléctricos poderem vir a controlar o aftermarket.
A economia paralela é outra das preocupações das empresas do pós-venda independente, que temem que o seu peso, na manutenção e reparação, seja igual ou superior a 30% da actividade real do sector, esta é uma opinião partilhada por 56% das empresas (os reparadores independentes têm mais vincada esta percepção do que os centros-auto/fast fit).

Os veículos eléctricos (BEV vão representar uma percentagem pequena da totalidade do parque automóvel, para reparação e manutenção, nas próximas duas décadas, o parque automóvel será ainda maioritariamente constituído por veículos com motor de combustão (ICEV).

No entanto, apesar de se prever que esta transição do parque seja lenta, o aftermarket deve começar a adaptar-se às novas tecnologias, de modo a melhor responder às necessidades dos clientes e, para isso, investir numa melhor gestão do tempo de reparação e manutenção dos seus veículos e na garantia da sua mobilidade no decurso destas operações.

Deve, também, haver um reforço na preparação dos recursos humanos, para dar resposta às novas tecnologias e da sua capacitação, mais orientada para o cliente.
Um elemento valorizado pelas gerações mais novas, que serão os clientes do futuro, são as boas-praticas ambientais e mais sustentáveis.



O aftermarket independente deve, ainda, adoptar metodologias ágeis, para aumentar a eficiência, reduzir os custos nas operações e não competir exclusivamente através do preço, mas essencialmente através da criação de uma imagem diferenciada, de confiança e de credibilidade junto da comunidade onde se inserem. 

Por outro lado, a moldura regulamentar da UE, trará um forte impacto no aftermarket e é necessário que a DPAI/ACAP e as Federações Europeias onde está filiada (FIGIEFA), continuem o seu trabalho para garantia de acesso do canal independente ao mercado de reparação e manutenção, em condições de leal concorrência de todos os players do aftermarket automóvel.
  
As grandes linhas de força para o futuro do canal independente do aftermarket automóvel, para as quais os resultados do estudo apontam, são:
  1. Conjugar os serviços de manutenção/reparação aos veículos com motor de combustão (ainda maioritários) com a entrada gradual dos serviços de manutenção/reparação aos veículos eléctricos;
  2. Investir na formação dos colaboradores, capacitando-os para a manutenção/reparação dos eléctricos;
  3. Garantir a mobilidade dos clientes durante o tempo de manutenção/reparação dos seus veículos;
  4. Aproveitar a electrificação dos veículos para aumentar a contribuição do sector para a sustentabilidade ambiental.
  5. Pressionar as autoridades competentes no sentido da criação de legislação que permita a existência de uma concorrência justa e aberta entre todos os players do sector automóvel.
A abertura do evento ficou a cargo de Pedro Barros, membro da Comissão Executiva da DPAI/ACAP e os principais resultados foram apresentados pelos coordenadores do estudo Zorro Mendes – Presidente do Departamento de Economia do ISEG, Rita Alemão - Professora Convidada do ISEG e Francisco Nunes - Professor Auxiliar do ISEG.


O encerramento do evento ficou a cargo de Joaquim Candeias, Presidente da DPAI/ACAP que aproveitou para dar conhecimento aos participantes da realização do Fórum DPAI/ACAP
 “O Próximo Aftermarket”, no dia 23 de Novembro de 2023
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Associados ACAP podem solicitar o envio da versão resumida do estudo, através do e-mail: mail@acap.pt.